As mudanças nas condições climáticas afetam a relação entre as comunidades pesqueiras e os recursos marinhos dos quais dependem. Estas mudanças vão exigir uma resposta adaptativa por parte do setor das pescas, decisores políticos e gestores da pesca. Se houver deslocação do peixe em resposta às alterações climáticas, como terão do ponto de vista legislativo, os pescadores ter acesso aos recursos? Terão as fábricas produto local mais barato para continuar a laborar? Como será a sociedade afetada por estes fatores? Para podermos responder a estas perguntas e elaborar uma resposta adequada torna-se necessário avaliar, à escala local, a vulnerabilidade das comunidades piscatórias existentes ao longo da costa portuguesa.
A vulnerabilidade das comunidades piscatórias às alterações climáticas é estimada considerando que os aspetos ecológicos têm influência a nível socioeconómico. Contudo, as comunidades piscatórias também estão expostas a fatores ambientais diferentes, como agitação marítima, vento ou subida da água do mar. A sensibilidade e adaptação das comunidades piscatórias dependem igualmente das características sociais e económicas de cada comunidade (e.x. dependência económica da pesca, nível de literacia e formação técnica dos pescadores).
Para avaliar a vulnerabilidade (ecológico)socioeconómica necessitamos de desenvolver um conjunto de indicadores, indicadores socioeconómicos , que têm em conta as várias particularidades e aspetos (ecológicos e socioeconómicos) de cada comunidade piscatória. O desenvolvimento dos indicadores socioeconómicos é, um dos aspetos mais importantes do processo de avaliação da vulnerabilidade às alterações climáticas. Desta forma, foi combinada, informação qualitativa e quantitativa obtida a partir da i) revisão/compilação publicações técnicas/cientificas e ii) dados de campo recolhidos através de inquéritos, entrevistas e workshops aos pescadores, realizados de norte a sul de Portugal. A partir destes indicadores, podemos calcular a exposição , sensibilidade e capacidade adaptativa , que por sua vez permitem o cálculo da vulnerabilidade das comunidades piscatórias às alterações climáticas.